domingo, 17 de julho de 2016

Ideologias sociais revolucionárias do século XIX

Diante de um ambiente marcado pelos avanços da ciência e da tecnologia, os discursos políticos do século XIX acreditavam piamente na evolução das sociedades humanas. Progresso, evolução e civilização passaram a ser  palavras-chaves que animavam ações dos Estado-Nação europeus da época. 

De fato, os avanços da medicina, da mecânica, a invenção do motor a combustão, da eletricidade, do telégrafo, foram fundamentais para a melhoria da vida das pessoas. Porém, as mudanças sociais trazidas pelas Revoluções Industriais não significaram apenas prosperidade. Pelo contrário, a substituição da mão-de-obra humana pela máquina e a instituição da propriedade privada como elemento fundamental do mundo pós-Revolução Francesa criou o ambiente propício para maximar à exploração das classes trabalhadoras.

Esta nova ordem, denominada posteriormente de capitalismo, instituiu uma nova classe dominante (a burguesia) e uma nova classe explorada (proletariado). Este novo modo de produção se organizou a partir de uma divisão social do trabalho fundada pela propriedade dos meios de produção. O Estado-Nacional, aliado dos burgueses, atuava para conter a rebeldia dos que não aceitavam as péssimas condições de trabalho impostas pelo capitalismo industrial.

Se a ciência e a história servia para legitimar o capitalismo como a etapa mais evoluída e civilizada alcançada pelas sociedades humanas, a exploração e a miséria provocada por esta evolução serviu a produção de conjuntos de ideias contrárias a ordem imperante. Foram as ideologias revolucionárias do século XIX.

a)  Socialismo utópico, reformista ou romântico: apesar de criticar abertamente as injustiças e contradições da sociedade industrial; e expor os princípios de uma sociedade futura ideal, pouco afirmavam sobre os meios de torna-la real. Quando o faziam, apelavam à bondade natural dos seres humanos ou ao voluntarismo dos ricos, que abririam mão de suas riquezas em nome da justiça social. Seus principais teóricos foram os franceses Saint-Simon (1760-1825); Pierre Joseph Proudhon (1809-1865), Louis Blanc (1811-1882) e Charles Fourier (1772-1837) e o inglês Charles Fourier (1771-1858).

b)     Socialismo Científico: Elaborado nos escritos de Karl Marx (1818-1883) e Friedrich Engels (1820-1895), criticam a sociedade capitalista e rejeitam o socialismo utópico, considerando que a sociedade de cada época é determinada pelas condições econômicas; sustentam que a evolução histórica é determinada pelas lutas de classes e que a sociedade capitalista se transformaria na sociedade socialista onde as massas trabalhadoras possuiriam os meios de produção e assumiriam o poder político e econômico. Para esses pensadores alemães, o socialismo seria alcançado pela organização da classe trabalhadora como força revolucionária a fim de tomar o poder político, organizando a ditadura do proletariado, fase de transição para abolir a desigualdade de classes.

c)    Anarquismo: Defendiam a necessidade de acabar com qualquer forma de Estado, pois enxergavam nele a origem dos principais males da sociedade. Pregavam a eliminação do Estado e da propriedade privada, apresentando a sociedade anarquista como um conjunto de pequenas comunidades cooperativas dedicadas a distintas modalidades de atividades produtivas, sem visar o lucro. Como meios de ação, alguns teóricos falavam em violência (luta armada, atentados) e outros rejeitavam-na, recomendando o não reconhecimento do Estado a partir do não pagamento de impostos e o repúdio ao serviço militar. Dentre seus principais teóricos, os mais conhecidos  são os russos  Mikhail Bakunin (1814-1876) e Peter Kropotkin (1842-1921). 



Nenhum comentário:

Postar um comentário