Diante de um ambiente marcado pelos avanços da
ciência e da tecnologia, os discursos políticos do século XIX acreditavam
piamente na evolução das sociedades humanas. Progresso, evolução e civilização
passaram a ser palavras-chaves que
animavam ações dos Estado-Nação europeus da época.
De fato, os avanços da medicina, da mecânica,
a invenção do motor a combustão, da eletricidade, do telégrafo, foram fundamentais
para a melhoria da vida das pessoas. Porém, as mudanças sociais trazidas pelas
Revoluções Industriais não significaram apenas prosperidade. Pelo contrário, a
substituição da mão-de-obra humana pela máquina e a instituição da propriedade
privada como elemento fundamental do mundo pós-Revolução Francesa criou o ambiente
propício para maximar à exploração das classes trabalhadoras.
Esta nova ordem, denominada posteriormente de
capitalismo, instituiu uma nova classe dominante (a burguesia) e uma nova
classe explorada (proletariado). Este novo modo de produção se organizou a
partir de uma divisão social do trabalho fundada pela propriedade dos meios de
produção. O Estado-Nacional, aliado dos burgueses, atuava para conter a
rebeldia dos que não aceitavam as péssimas condições de trabalho impostas pelo
capitalismo industrial.
Se a ciência e a história servia para
legitimar o capitalismo como a etapa mais evoluída e civilizada alcançada pelas
sociedades humanas, a exploração e a miséria provocada por esta evolução serviu
a produção de conjuntos de ideias contrárias a ordem imperante. Foram as
ideologias revolucionárias do século XIX.
a) Socialismo utópico, reformista ou
romântico: apesar de
criticar abertamente as injustiças e contradições da sociedade industrial; e
expor os princípios de uma sociedade futura ideal, pouco afirmavam sobre os
meios de torna-la real. Quando o faziam, apelavam à bondade natural dos seres
humanos ou ao voluntarismo dos ricos, que abririam mão de suas riquezas em nome
da justiça social. Seus principais teóricos foram os franceses Saint-Simon
(1760-1825); Pierre Joseph Proudhon (1809-1865), Louis Blanc (1811-1882) e
Charles Fourier (1772-1837) e o inglês Charles Fourier (1771-1858).
b)
Socialismo Científico: Elaborado nos escritos de Karl Marx
(1818-1883) e Friedrich Engels (1820-1895), criticam a sociedade capitalista e
rejeitam o socialismo utópico, considerando que a sociedade de cada época é
determinada pelas condições econômicas; sustentam que a evolução histórica é
determinada pelas lutas de classes e que a sociedade capitalista se
transformaria na sociedade socialista onde as massas trabalhadoras possuiriam
os meios de produção e assumiriam o poder político e econômico. Para esses
pensadores alemães, o socialismo seria alcançado pela organização da classe
trabalhadora como força revolucionária a fim de tomar o poder político,
organizando a ditadura do proletariado, fase de transição para abolir a
desigualdade de classes.
c) Anarquismo: Defendiam a necessidade de acabar com qualquer
forma de Estado, pois enxergavam nele a origem dos principais males da
sociedade. Pregavam a eliminação do Estado e da propriedade privada,
apresentando a sociedade anarquista como um conjunto de pequenas comunidades
cooperativas dedicadas a distintas modalidades de atividades produtivas, sem
visar o lucro. Como meios de ação, alguns teóricos falavam em violência (luta
armada, atentados) e outros rejeitavam-na, recomendando o não reconhecimento do
Estado a partir do não pagamento de impostos e o repúdio ao serviço militar.
Dentre seus principais teóricos, os mais conhecidos são os russos
Mikhail Bakunin (1814-1876) e Peter Kropotkin (1842-1921).
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