segunda-feira, 2 de novembro de 2015

A Europa após a Primeira Grande Guerra e ascensão dos regimes fascistas

1)      Introdução

Após o fim da Primeira Grande Guerra, a Europa estava devastada. Cidades destruídas, baixa produção industrial, desemprego, inflação. A maioria dos países europeus perdeu na guerra praticamente uma geração de seus homens jovens. A crise social e econômica europeia abriu espaço para a difusão de ideias e movimentos contrários a democracia liberal, responsabilizadas pelo conflito e suas consequências.
O sucesso da Revolução Russa serviu de exemplo para a multiplicação dos movimentos de extrema-esquerda, principalmente entre as classes trabalhadoras. A ameaça do comunismo e a  impotência das democracias em conter a crise serviu para a ascensão dos movimentos de extrema-direita, que afirmavam a necessidade de um poder forte para manter a ordem e os privilégios das classes dominantes. As ideologias fascistas tiveram grande penetração entre as elites empresariais e a classe média durante a década de 1920.

2)      O que foi o fascismo?
Atualmente, as palavras “fascista”, “fascismo” e outras derivadas são utilizadas  para qualificar ideias e atitudes contrárias a liberdade de expressão ou que atentem aos direitos individuais e coletivos adquiridos.
Porém, o “fascismo”, enquanto fenômeno histórico, refere-se ao processo histórico de ascensão de movimentos políticos de massa, marcadamente de extrema- direita, que desencadearam em regimes totalitários na Europa da primeira metade do século XX, ou mais marcadamente entre o fim da Primeira Grande Guerra e o fim da Segunda Grande Guerra. 
Por regimes políticos “totalitários” ou “autocráticos”, deve-se entender a formação de um governo sob o controle de um líder, um grupo ou um único partido político apoiado por um movimento de massas, que não reconhece limites para o exercício da sua autoridade, regulando todos os aspectos da vida pública e privada de uma sociedade.
O termo “fascismo” é derivado da palavra em latim fascio , que significa feixe. Na Roma Antiga, no tempo dos césares, os magistrados eram precedidos por funcionários – os littori – que empunhavam machados cujos cabos compridos eram reforçados por muitas varas fortemente atadas em torno da haste central. Os machados simbolizavam o poder do Estado de decapitar os inimigos da ordem pública. E as varas amarradas em redor do cabo constituíam um feixe que representava a unidade do povo em torno da sua liderança (“a força pela união”).
Durante o século XIX, o termo fascio foi utilizado por uniões e organizações populares e camponesas da Itália, em geral liderados por socialistas. Quando se iniciou a Primeira Grande Guerra, surgiram em várias regiões italianas fasci patrióticos preconizando a entrada do país no conflito. Embora tivesse feito parte do bloco vitorioso na Grande Guerra, a Itália encontrava-se numa profunda crise social ao seu final. As ideologias de esquerda, como o socialismo e o anarquismo, disseminavam-se entre as classe trabalhadoras, fomentando greves. Foi o medo de uma Revolução Socialista, aos moldes da que ocorrera na Rússia em 1917, que levou as camadas médias e a burguesia nacional a apoiar os fasci de combattimento,  passaram a atacar violentamente os chamados inimigos da pátria, identificado aos partidos e sindicatos de esquerda. O movimento fascista, liderado pelo ex-socialista e combatente de guerra Benito Mussolini, cresceu significativamente entre 1919 e 1921, ao ponto de chegar ao poder em 1922.
O sucesso do regime político fascista na Itália serviu de referência para a emergência de outros semelhantes na Europa e fora dela, dentre os quais a própria Alemanha nazista de Hitler.


Logotipo do Partido Nacional Fascista Italiano

3)      Caracterização dos regimes fascistas

a)      Contexto de forte crise social e econômica;
b)      Decadentismo e Regeneracionismo: A propagação de um discurso que identifica o tempo presente como um tempo de decadência e derrota  e a invenção de um passado glorioso que deve ser resgatado;
c)      A difusão de um discurso anti-liberal, anti-comunista, anti-materialista, anti-individualista e anti-democrática, anti-capitalista;
d)     A anulação das diferença e de qualquer forma de crítica à autoridade estabelecida;
e)      A difusão de um discurso ético de valorização da comunidade em que são exaltados os valores da disciplina, da vigilância, do sacrifício em nome da comunidade e em detrimento do indivíduo.
f)       A proibição e perseguição de movimentos sociais, sindicatos e quaisquer instituições que se colocassem contra o regime e aos seus apoiadores (dentre os quais destacam-se grandes grupos financeiros e industriais nacionais);
g)      A atuação de milícias armadas e das polícias secretas para a perseguição e eliminação dos “inimigos da pátria”, geralmente identificados aos movimentos de esquerda e etnias que não fossem “genuinamente” nacionais;
h)      O culto da personalidade de uma grande liderança, representando a salvação da nação;
i)        Um Estado liderado por um partido político com grande penetração nas massas (populismo);

j)        A intervenção do Estado na economia, aliando-se aos setores produtivos, mas mantendo a propriedade privada (apenas o discurso é anti-capitalista); 


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