1)
Introdução
Após
o fim da Primeira Grande Guerra, a Europa estava devastada. Cidades destruídas,
baixa produção industrial, desemprego, inflação. A maioria dos países europeus
perdeu na guerra praticamente uma geração de seus homens jovens. A crise social
e econômica europeia abriu espaço para a difusão de ideias e movimentos
contrários a democracia liberal, responsabilizadas pelo conflito e suas
consequências.
O
sucesso da Revolução Russa serviu de exemplo para a multiplicação dos
movimentos de extrema-esquerda, principalmente entre as classes trabalhadoras.
A ameaça do comunismo e a impotência das
democracias em conter a crise serviu para a ascensão dos movimentos de
extrema-direita, que afirmavam a necessidade de um poder forte para manter a
ordem e os privilégios das classes dominantes. As ideologias fascistas tiveram
grande penetração entre as elites empresariais e a classe média durante a
década de 1920.
2)
O
que foi o fascismo?
Atualmente, as palavras
“fascista”, “fascismo” e outras derivadas são utilizadas para qualificar ideias e atitudes contrárias
a liberdade de expressão ou que atentem aos direitos individuais e coletivos
adquiridos.
Porém, o “fascismo”,
enquanto fenômeno histórico, refere-se ao processo histórico de ascensão de
movimentos políticos de massa, marcadamente de extrema- direita, que
desencadearam em regimes totalitários na Europa da primeira metade do século
XX, ou mais marcadamente entre o fim da Primeira Grande Guerra e o fim da
Segunda Grande Guerra.
Por regimes políticos
“totalitários” ou “autocráticos”, deve-se entender a formação de um governo sob
o controle de um líder, um grupo ou um único partido político apoiado por um
movimento de massas, que não reconhece limites para o exercício da sua
autoridade, regulando todos os aspectos da vida pública e privada de uma
sociedade.
O termo “fascismo” é
derivado da palavra em latim fascio ,
que significa feixe. Na Roma Antiga, no tempo dos césares, os magistrados eram
precedidos por funcionários – os littori –
que empunhavam machados cujos cabos compridos eram reforçados por muitas varas
fortemente atadas em torno da haste central. Os machados simbolizavam o poder
do Estado de decapitar os inimigos da ordem pública. E as varas amarradas em
redor do cabo constituíam um feixe que
representava a unidade do povo em torno da sua liderança (“a força pela
união”).
Durante o século XIX, o
termo fascio foi utilizado por uniões
e organizações populares e camponesas da Itália, em geral liderados por
socialistas. Quando se iniciou a Primeira Grande Guerra, surgiram em várias
regiões italianas fasci patrióticos
preconizando a entrada do país no conflito. Embora tivesse feito parte do bloco
vitorioso na Grande Guerra, a Itália encontrava-se numa profunda crise social
ao seu final. As ideologias de esquerda, como o socialismo e o anarquismo,
disseminavam-se entre as classe trabalhadoras, fomentando greves. Foi o medo de
uma Revolução Socialista, aos moldes da que ocorrera na Rússia em 1917, que
levou as camadas médias e a burguesia nacional a apoiar os fasci de combattimento,
passaram a atacar violentamente os chamados inimigos da pátria,
identificado aos partidos e sindicatos de esquerda. O movimento fascista,
liderado pelo ex-socialista e combatente de guerra Benito Mussolini, cresceu
significativamente entre 1919 e 1921, ao ponto de chegar ao poder em 1922.
O sucesso do regime
político fascista na Itália serviu de referência para a emergência de outros
semelhantes na Europa e fora dela, dentre os quais a própria Alemanha nazista
de Hitler.
3)
Caracterização
dos regimes fascistas
a) Contexto
de forte crise social e econômica;
b) Decadentismo
e Regeneracionismo: A propagação de um discurso que identifica o tempo presente
como um tempo de decadência e derrota e
a invenção de um passado glorioso que deve ser resgatado;
c) A
difusão de um discurso anti-liberal, anti-comunista, anti-materialista,
anti-individualista e anti-democrática, anti-capitalista;
d) A
anulação das diferença e de qualquer forma de crítica à autoridade
estabelecida;
e) A
difusão de um discurso ético de valorização da comunidade em que são exaltados
os valores da disciplina, da vigilância, do sacrifício em nome da comunidade e
em detrimento do indivíduo.
f) A
proibição e perseguição de movimentos sociais, sindicatos e quaisquer
instituições que se colocassem contra o regime e aos seus apoiadores (dentre os
quais destacam-se grandes grupos financeiros e industriais nacionais);
g) A
atuação de milícias armadas e das polícias secretas para a perseguição e eliminação
dos “inimigos da pátria”, geralmente identificados aos movimentos de esquerda e
etnias que não fossem “genuinamente” nacionais;
h) O
culto da personalidade de uma grande liderança, representando a salvação da
nação;
i)
Um Estado liderado por um partido
político com grande penetração nas massas (populismo);
j)
A intervenção do Estado na economia,
aliando-se aos setores produtivos, mas mantendo a propriedade privada (apenas o
discurso é anti-capitalista);
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