quinta-feira, 8 de maio de 2014

Renascimento Cultural e Artístico (SÉCULOS XIV-XVI)

1) O berço: A Península Itálica

A Península Itálica em finais do século XV. 


2) Por que na Península Itálica?
a) O Mar Mediterrâneo era o principal centro do comércio europeu e as cidades italianas de Genova e Veneza dominavam esse comércio.

Gênova e Veneza eram as cidades mais ricas da Península Itálica dos séculos XIV-XVI. As linhas em verde e vermelho descrevem as principais rotas de comércio que ligavam estas cidades a outras regiões do Mar Mediterrâneo.


b)O aparecimento das Universidades laicas, formando especialistas para os “negócios humanos”. Durante a Idade Média, as Universidades foram dominadas pela Igreja, que detinham o domínio do monopólio da produção intelectual, ou seja, do conhecimento escrito.

c) O ensino nas Universidades laicas: O estudo das atividades humanas e mundanas: Poesia, Filosofia, Gramática, Matemática, História, Eloqüência (Retórica).

3) O Renascimento Cultural e Artístico: 

A palavra “renascimento” ou “renascença” foi empregada pela primeira vez em 1550 para expressar a renovação das artes que ocorria nas cidades italianas. Também referia-se a Idade Média como um período de decadência das artes e da cultura.

3.1) Características do Renascimento

a) O Humanismo: A crença nas possibilidades criativas do ser humano. A expressão escrita do Renascimento.

b) Antropocentrismo (“O homem é a medida de todas as coisas”): Ao contrário da Idade Média, em que a principal preocupação voltava-se ao conhecimentos das coisas divinas e colocava Deus como a fonte de todo o conhecimento (Teocentrismo), o Renascimento vai dar atenção ao conhecimento do humano e da humanidade.

c) A valorização do conhecimento e da arte greco-romana. (Classicismo)

d) A crença no poder da razão humana no conhecimento das coisas humanas e naturais (Racionalismo e Naturalismo)

4) O pensamento político renascentista

a) Nicolau Maquiavel (1469-1527): “O príncipe” (1513) e a arte de conservar o poder. O estudo do comportamento humano para a dominação do povo pelo príncipe.

b)Erasmo de Roterdã (1466-1536): “O Elogio da Loucura” (1511) - a crítica à corrupção da Igreja. Também defendia a liberdade do ser humano em diferenciar o “bem” e o “mal”. 

c) Thomas Morus (1478 – 1535): “A Utopia” (1516) – A defesa da tolerância religiosa.

Visão medieval do governo dos homens
Visão maquiaveliana do governo dos homens
“E, no mundo dos corpos, o primeiro corpo, isto é, o celeste, dirige os demais, por certa ordem da divina providência, e a todos os corpos os rege a criatura racional. [...] Também, entre os membros do corpo, um é o principal, que todos move, como o coração, ou a cabeça. Cumpre, por conseguinte, que, em toda multidão, haja um regente.” (São Tomás de Aquino, Do reino ou do governo dos príncipes ao rei de Chipre)

Deve o príncipe [...] fazer-se temer de forma que, se não conquistar o amor, fuja ao ódio, mesmo porque podem muito bem coexistir o ser temido e o não ser odiado. Isso conseguirá sempre que não tome os bens e as mulheres de seus cidadãos e de seus súditos e, em se  tornando necessário derramar o sangue de alguém, faça-o quando existir conveniente justificativa e causa manifesta. (Nicolau Maquiavel, O Princípe, 1513)


5) O estudo do corpo humano e da anatomia

a) O raciocínio matemático aplicado para descobrir as perfeitas proporções do ser humano, constituindo-se assim no modelo ideal de beleza.

Leonardo DA VINCI, O Homem Vitruviano (1492)

b) Diferente da Idade Média, onde a medicina considerava o corpo humano inviolável, o corpo humano passa a ser objeto de exploração e observação.

Leonardo DA VINCI, Estudo de Embriões (1509-14)

b) William Harvey (1578-1657): a descoberta do coração enquanto o responsável pela circulação sanguínea. Até então pensava-se que o fígado cumpria essa função.

6) As descobertas astronômicas

a) Nicolau Copérnico (1473-1543) : a teoria heliocêntrica (os planetas gravitam em torno do Sol) x a teoria geocêntrica (o Sol, a Lua e os planetas gravitam em torno da Terra. O universo é finito.)

b) A teoria heliocêntrica colocava em questão diversos dogmas da Igreja, como a finitude e hermetismo do universo e a associação entre ciência e teologia. Em obras posteriores a de Copérnico, Giordano Bruno (1548-1600) defendeu a infinitude do universo e a pluralidade dos mundos existentes. Morreu na fogueira do Tribunal da Inquisição por suas ideias.

 Representações dos modelos geocêntrico e heliocêntrico

7) A arte renascentista

a) De artesãos (aqueles que trabalham com as mãos) a artistas (a valorização da criação estética, ou da beleza das obras de arte)

b) O realismo na pintura e na escultura: a preocupação com a perfeição das formas humanas (anatomia).

c) A perspectiva e a tridimensionalidade: altura, largura e profundidade (o conhecimento de Geometria, Matemática e Óptica)

A ausência de profundidade na arte medieval.
Iluminuras da Bíblia da Hainburg, A anunciação, 1340.

Atente para os diversos planos existentes na pintura. A sensação de profundidade pôde ser representado devido ao estudo das proporções e da geometria. Nos rostos, a técnica artística permitiu representar a expressividade das feições.
Sandro Botticelli, A anunciação, 1489.

d) A arte também passou a ser símbolo de poder. A nobreza, o clero, grandes mercadores e banqueiros patrocinaram os grandes artistas.


A família Médici era uma das mais poderosas da cidade de Florença, na Península Itálica. Eles patrocinavam artistas e humanistas como Nicolau Maquiavel.
Agnolo BRONZINO, Cosimo de Médici em armas, 1550.



8) A invenção da imprensa
a)Até a invenção da imprensa, os livros eram imensos e escritos a mão pelo homens da Igreja. Ou seja, a Igreja controlava a produção do que era escrito e o escrito era pouco difundido. 


A produção de livros na Idade Média.



b)O tipo móvel inventado pelo comerciante alemão Johannes Gutemberg possibilitou a  maior produção e circulação de livros, fugindo assim  ao controle da Igreja Católica. O primeiro livro publicado na tipografia de Gutenberg foi a Bíblia em latim.



 O tipo móvel inventado por Gutemberg.




Gutemberg e a sua invenção.

A Bíblia de Gutemberg (em latim)

c)A difusão da leitura e a produção de livros nas línguas nacionais (espanhol, italiano, português, francês, etc.). A  produção de escritos durante a Idade Média era, em sua maioria, em latim.

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