domingo, 11 de maio de 2014

A Revolução de São Domingos (1791-1804)

1) Revolução

A ideia de Revolução surgida no século XVIII refere-se a transformação completa de uma determinada realidade social, econômica e política por meio de uma ação política. O novo substitui o antigo.
Revolução Francesa: o fim da monarquia absolutista e da sociedade de privilégios, substituída pelo governo do povo e a igualdade entre os homens.
Revolução Americana: o fim da dominação colonial inglesa e a emancipação política do EUA.
Revolução do Haiti: a abolição da escravidão e da dominação colonial francesa

2) A colonização.

A ilha Hispaniola foi encontrada pelos em 1492, quando Cristovão Colombo por lá aportou. Os espanhóis colonizaram a parte oriental da ilha, e na segunda metade do século XVII, a parte ocidental da  foi ocupada pelos franceses.
A colonização francesa de São Domingos  baseou-se  numa economia fundada  em grandes fazendas e no uso da mão de obra escrava. A exportação dos produtos tropicais  tornaram São Domingos a mais rica das colônias francesa.
Enquanto a elite branca da ilha vivia no luxo, os trabalhadores escravizados eram vítimas de maus-tratos, doenças e fome. Meio milhão de escravos eram dominados por trinta mil homens brancos.



                      Clique no mapa e veja a ilha onde está localizado o Haiti na América Central, ao sul de Cuba

3) A Revolução Francesa e os levantes escravos.

As tensões sociais na parte francesa da ilha aumentaram com a Revolução Francesa. A elite branca colonial, que não queria perder os privilégios do comércio, aliaram-se aos ingleses e monarquistas para combater os revolucionários.   A notícia da Revolução e da “Declaração dos Direitos do Homem  e do Cidadão” ( Artigo 1º - Os homens nascem e são livres e iguais em direitos. As distinções sociais só podem fundar-se na utilidade comum.) também  animou  os escravos a se levantarem contra seus proprietários. De 1791 a 1794, os escravos, sem qualquer lideranças, abandonaram as plantações, queimaram engenhos e agrediram e mataram homens brancos.
Em 1792, após as tentativas dos aliados do rei Luís XVI de acabar com a Revolução, formou-se uma nova Assembleia Nacional Constituinte na França com o objetivo de preparar uma nova Constituição.  A Convenção foi dominada pelo partido radical da Revolução, conhecido como jacobino. Mais próximos dos interesses do povo, os jacobinos adotaram medidas radicais em prol da igualdade, dentre elas o fim da escravidão nas colônias francesas, decretada em 1794. Para compreender esta ação, é necessário saber que a Constituição Francesa de 1791 não estendia seus direitos e aqueles expressados na  “Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão” para suas colônias.

4) Toussaint d’Ouverture e a luta pela independência de São Domingos

A luta dos negros de São Domingos pela liberdade e independência foi liderada, a partir de 1794, por Toussaint d’Ouverture, filho de um chefe tribal africano que, como seu pai, recebeu de seu proprietário uma educação que a maioria dos escravos não tinha acesso. Instruído na língua francesa, Toussaint pôde ler algumas obras escritas pelos filósofos iluministas que falavam dos direitos universais da liberdade e igualdade. Estes ideais e sua formação levaram-no a ter um forte poder de influência sobre os outros escravos, e logo se tornou um general a liderar os escravos contra os franceses, os espanhóis (que tentavam ocupar a parte ocidental da ilha) e os ingleses (aliados das elites brancas da ilha).
Embora tivesse cometido alguns erros, como a tentativa de aliança com o imperador francês Napoleão Bonaparte, Toussaint este firme diante do exército de São Domingos até 1802, quando foi preso pelas forças francesas. Morreu na prisão em abril de 1803.
As lutas de independências prosseguiram, confrontando-se principalmente contra o esforço de Napoleão Bonaparte de recolonizar a ilha. Dirigida por outros líderes, como o líder militar Dessaline, um ex-escravo analfabeto, os negros de São Domingos proclamaram sua independência em 01 de janeiro de 1804, rebatizando o novo país com a denominação nativa de Haiti. Foi a segunda ex-colônia que alcançou a Independência, a primeira e única liderada por-escravos
A devastação da agricultura ocasionada pelas guerras, os obstáculos comerciais impostos pela França (que recusou-se a reconheceram sua independência) e as reparações aos ex-proprietários de escravos dificultaram muito o governo independente do Haiti, que lutou por muitas décadas contra a miséria e as guerras internas.
Porém, a revolução haitiana teve muito influência em sua época, animando os escravos em busca da liberdade e atemorizando as elites brancas e europeias nas outras colônias americanas, como o Brasil.

5) A Declaração de Independência do Haiti.

 Gonaïves, 01 de janeiro de 1804. Ano I da Independência

"Hoje, 01 de janeiro de 1804, o General Chefe, é acompanhado por generais e chefes  militares convocados a fim de tomar medidas tendentes à felicidade do país:   Depois de ter dado a conhecer aos generais reunidos sua verdadeira intenção de sempre  garantir aos nativos do Haiti um governo estável - o objeto de sua maior solicitude, o  que fez em um discurso conhecido por potências estrangeiras a resolução para tornar o  país independente, e de gozar da liberdade consagrada pelo sangue do povo desta ilha,  e, depois de ter reunido as suas opiniões, pediu a cada um dos generais reunidos o  pronunciamento de um voto para renunciar para sempre à França, para morrer ao invés  de viver sob sua dominação, e para lutar pela independência com seu último suspiro.
Os generais, imbuídos desses princípios sagrados, depois de terem dado a uma só voz a  adesão ao projeto manifesto da independência, juram ante a eternidade e ante todo o  universo para sempre renunciar à França e morrer ao invés de viver sob a sua  dominação”.

 (Ato de Independência do Haiti, extraído de http://www.historia.uff.br/nec/sites/default/files/Revolucao_Haitiana_e_a_Declaracao_dos_Direitos_do_Homem_e_do_Cidadao.pdf)

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