1)
Revolução
A
ideia de Revolução surgida no século XVIII refere-se a transformação completa
de uma determinada realidade social, econômica e política por meio de uma ação
política. O novo substitui o antigo.
Revolução
Francesa: o fim da monarquia absolutista e da sociedade de
privilégios, substituída pelo governo do povo e a igualdade entre os homens.
Revolução
Americana: o fim da dominação colonial inglesa e a emancipação
política do EUA.
Revolução
do Haiti: a abolição da escravidão e da dominação colonial
francesa
2)
A colonização.
A
ilha Hispaniola foi encontrada pelos em 1492, quando Cristovão Colombo por lá
aportou. Os espanhóis colonizaram a parte oriental da ilha, e na segunda metade
do século XVII, a parte ocidental da foi
ocupada pelos franceses.
A
colonização francesa de São Domingos baseou-se
numa economia fundada em grandes fazendas e no uso da mão de obra
escrava. A exportação dos produtos tropicais tornaram São Domingos a mais rica das colônias
francesa.
Enquanto
a elite branca da ilha vivia no luxo, os trabalhadores escravizados eram
vítimas de maus-tratos, doenças e fome. Meio milhão de escravos eram dominados
por trinta mil homens brancos.
3)
A Revolução Francesa e os levantes escravos.
As
tensões sociais na parte francesa da ilha aumentaram com a Revolução Francesa.
A elite branca colonial, que não queria perder os privilégios do comércio, aliaram-se
aos ingleses e monarquistas para combater os revolucionários. A notícia da Revolução e da “Declaração dos Direitos
do Homem e do Cidadão” ( Artigo 1º - Os
homens nascem e são livres e iguais em direitos. As distinções sociais só podem
fundar-se na utilidade comum.) também
animou os escravos a se levantarem
contra seus proprietários. De 1791 a 1794, os escravos, sem qualquer
lideranças, abandonaram as plantações, queimaram engenhos e agrediram e mataram
homens brancos.
Em
1792, após as tentativas dos aliados do rei Luís XVI de acabar com a Revolução,
formou-se uma nova Assembleia Nacional Constituinte na França com o objetivo de
preparar uma nova Constituição. A Convenção foi dominada pelo partido
radical da Revolução, conhecido como jacobino. Mais próximos dos interesses do
povo, os jacobinos adotaram medidas radicais em prol da igualdade, dentre elas
o fim da escravidão nas colônias francesas, decretada em 1794. Para compreender
esta ação, é necessário saber que a Constituição Francesa de 1791 não estendia
seus direitos e aqueles expressados na “Declaração
dos Direitos do Homem e do Cidadão” para suas colônias.
4)
Toussaint d’Ouverture e a luta pela independência de São Domingos
A
luta dos negros de São Domingos pela liberdade e independência foi liderada, a
partir de 1794, por Toussaint d’Ouverture, filho de um chefe tribal africano
que, como seu pai, recebeu de seu proprietário uma educação que a maioria dos
escravos não tinha acesso. Instruído na língua francesa, Toussaint pôde ler
algumas obras escritas pelos filósofos iluministas que falavam dos direitos universais
da liberdade e igualdade. Estes ideais e sua formação levaram-no a ter um forte
poder de influência sobre os outros escravos, e logo se tornou um general a
liderar os escravos contra os franceses, os espanhóis (que tentavam ocupar a
parte ocidental da ilha) e os ingleses (aliados das elites brancas da ilha).
Embora
tivesse cometido alguns erros, como a tentativa de aliança com o imperador
francês Napoleão Bonaparte, Toussaint este firme diante do exército de São Domingos
até 1802, quando foi preso pelas forças francesas. Morreu na prisão em abril de
1803.
As
lutas de independências prosseguiram, confrontando-se principalmente contra o
esforço de Napoleão Bonaparte de recolonizar a ilha. Dirigida por outros
líderes, como o líder militar Dessaline, um ex-escravo analfabeto, os negros de
São Domingos proclamaram sua independência em 01 de janeiro de 1804, rebatizando
o novo país com a denominação nativa de Haiti. Foi a segunda ex-colônia que
alcançou a Independência, a primeira e única liderada por-escravos
A
devastação da agricultura ocasionada pelas guerras, os obstáculos comerciais
impostos pela França (que recusou-se a reconheceram sua independência) e as
reparações aos ex-proprietários de escravos dificultaram muito o governo
independente do Haiti, que lutou por muitas décadas contra a miséria e as
guerras internas.
Porém,
a revolução haitiana teve muito influência em sua época, animando os escravos
em busca da liberdade e atemorizando as elites brancas e europeias nas outras
colônias americanas, como o Brasil.
5)
A Declaração de Independência do Haiti.
Gonaïves, 01 de janeiro de 1804. Ano I da
Independência
"Hoje, 01 de janeiro de 1804, o General Chefe, é acompanhado por generais e chefes militares convocados a fim de tomar medidas tendentes à felicidade do país: Depois de ter dado a conhecer aos generais reunidos sua verdadeira intenção de sempre garantir aos nativos do Haiti um governo estável - o objeto de sua maior solicitude, o que fez em um discurso conhecido por potências estrangeiras a resolução para tornar o país independente, e de gozar da liberdade consagrada pelo sangue do povo desta ilha, e, depois de ter reunido as suas opiniões, pediu a cada um dos generais reunidos o pronunciamento de um voto para renunciar para sempre à França, para morrer ao invés de viver sob sua dominação, e para lutar pela independência com seu último suspiro.
Os generais, imbuídos desses princípios sagrados, depois de terem dado a uma só voz a adesão ao projeto manifesto da independência, juram ante a eternidade e ante todo o universo para sempre renunciar à França e morrer ao invés de viver sob a sua dominação”.
(Ato de Independência do Haiti, extraído de http://www.historia.uff.br/nec/sites/default/files/Revolucao_Haitiana_e_a_Declaracao_dos_Direitos_do_Homem_e_do_Cidadao.pdf)
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